Deixando A Lã de Lado

Deixando A Lã de Lado

by Stephen Davey Ref: Judges 6:36–40

Deixando A Lã de Lado

Além da Lã—Parte 2

Juízes 6.36–40

Introdução

Creio que a pergunta para a qual todos nós urgentemente buscamos a resposta é: “Como posso descobrir a vontade de Deus para a minha vida?” Geralmente, essa pergunta vem acompanhada de outra: “Como saber o que Deus quer que eu faça agora?”

Antes de prosseguirmos adiante em nossa descoberta da vontade de Deus, primeiro precisamos reconhecer que Deus nos criou. Isso significa que ele possui toda a autoridade sobre nossas vidas e toda sabedoria para entender como nós operamos. Além disso, ele sabe o que deseja para nós, isto é, ele nos criou com um propósito. Deus projetou soberanamente sua perfeita vontade.

Na primeira parte de Juízes 6, Gideão toca uma trombeta e busca voluntários. Na segunda parte do capítulo, Gideão nos fornece uma ilustração perfeita de como não se descobrir a vontade de Deus.

Três Defeitos da Lã

O problema começa enquanto Gideão aguarda a chegada do exército para se unir a ele a fim de lutarem contra os midianitas. Enquanto espera, passa-se um tempo.

É difícil—tanto para Gideão como para nós—passar por um tempo de espera. Pensamos que Deus quer que façamos alguma coisa. Porque existe esse tempo de espera, indagamos se devemos fazer algo enquanto isso.

Enquanto esperamos, fazemos a mesma coisa que Gideão faz: começamos a fazer perguntas. No caso de Gideão, ele perguntou: “Será que Deus conseguirá realmente derrotar os midianitas com um bando de soldados israelitas despreparados com pouca experiência em batalha?”

Num dado momento, na agonia da espera, Gideão vê ao lado da eira algumas lãs frescas. Ele, a propósito, não sabe que está prestes a entrar para a história, mas pega algumas lãs e dá início a uma prática que milhões de crentes têm seguido desde então. Ele pensa consigo mesmo: “Vou usar isto como sinal. Não tenho todas as respostas, mas vou deixar que Deus faça o que quiser com esta lã.”

A mentalidade nisso é até simples; talvez você mesmo tenha feito algo semelhante na semana passada: “Senhor, tenho duas opções. Se tu queres que eu siga a primeira opção, então que isso ou aquilo aconteça até o final da semana. Se isso não acontecer, saberei que devo seguir a segunda opção.” Essa é a prova da lã.

Agora, entenda bem que, por trás desse princípio, existe um desejo sincero da parte de Gideão e de nossa parte para entender a vontade de Deus. E isso é louvável. A vontade de Deus é o que mais devemos procurar enquanto buscamos a face de Deus. Conforme Paulo escreveu em Colossenses1.9:

...não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual.

Isso é algo fundamental. Portanto, vamos examinar a questão mais detalhadamente e, com base em Juízes 6, darei 3 razões por que Gideão estava errado.

  • Primeiro, a lã de Gideão não serviu para determinar a vontade de Deus, mas para confirma-la.

Deus já falou. Veja Juízes 6.36–37:

Disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por meu intermédio, como disseste, eis que eu porei uma porção de lã na eira; se o orvalho estiver somente nela, e seca a terra ao redor, então, conhecerei que hás de livrar Israel por meu intermédio, como disseste.

Gideão usa a lã não para determinar, mas para confirmar a vontade do Senhor. Uma ilustração disso é um rapaz crente que deseja se casar com uma moça descrente. Ele sabe que Deus disse: Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos (2 Coríntios 6.14). Ele diz: “Mas Senhor, essa moça é a melhor coisa na minha vida neste momento. Então, vou fazer o seguinte: aqui está a minha lã, que é a sensibilidade dessa moça às coisas de Deus. Se ele for sensível às coisas espirituais ou começar a frequentar minha igreja, terei a resposta.”

Qual é o problema nisso? O problema é que Deus já falou. E isso é verdade em muitas áreas da vida. O problema não é nossa falta de entendimento, mas nossa falta de obediência.

Observe algo interessante em Juízes 6.38:

E assim sucedeu, porque, ao outro dia, se levantou de madrugada e, apertando a lã, do orvalho dela espremeu uma taça cheia de água.

Gideão testa Deus e Deus responde. Algumas pessoas dizem que Gideão não errou aqui; então, “Tragam as lãs!” Precisamos entender que em Juízes 6 Deus narra a história de Gideão, não necessariamente aprova seu sistema de descoberta da vontade de Deus.

Meu amigo, às vezes Deus até responde ao nosso teste porque entende nossa fraqueza, falta de fé e desejos. Contudo, não confunda os atos de Deus com a aprovação de Deus.

  • Segundo: a lã de Gideão não reconheceu a autoridade de Deus, mas a violou.

Quando lemos os versos 36–37, identificamos uma frase repetida: como disseste. Isso já deveria ser a autoridade final em sua vida. Deus disse; então, devemos obedecer.

Ao fazer essa prova, Gideão determina a fórmula e os parâmetros; ele diz: “Deus, se tu queres que eu faça isto, então tu tens que me obedecer nisto.” No fundo, a autoridade de Gideão é a que vale mais; ele diz o que Deus deve fazer, algo que invalida a autoridade das palavras que Deus já disse. A questão é obediência, não falta de entendimento. E nós somos, por natureza, do mesmo jeito; queremos mais informação.

Deus ainda não revelou a estratégia de guerra a Gideão e ele só revelará quando o exército inimigo estiver chegando; e ele reduzirá o número dos israelitas para 300. Vamos encarar a realidade: esperar é difícil. Gideão queria mais informações e isso fazia parte de sua natureza.

  • Terceiro: a lã de Gideão não fortaleceu sua fé, mas a enfraqueceu.

Gostaria de destacar essa fraqueza com mais ênfase do que as outras duas. Veja Juízes 6.39:

Disse mais Gideão: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que mais esta vez faça eu a prova com a lã; que só a lã esteja seca, e na terra ao redor haja orvalho.

Eu creio realmente que Gideão não acreditou na autenticidade do primeiro teste. Talvez, ele tenha pensado: “Bom, a lã naturalmente reterá parte do orvalho e o chão ao redor secará mais rápido quando o sol nascer. Preciso aperfeiçoar o teste.”

Será que a fé de Gideão foi fortalecida pela primeira prova? Não. Ele fica mais neurótico do que nunca. Agora, ele diz: “Certo, Senhor, deixe isso bem claro. Vou inverter o teste.” Mais uma vez, Gideão é quem comanda a situação. Fico surpreso que Deus não tenha eliminado Gideão e buscado outro líder. Ao contrário, Deus condescende em seu poder e se encontra com Gideão em sua necessidade e fraqueza.

Nós revelamos ter esse mesmo problema quando desenvolvemos nossas provas. O problema se chama “subjetividade.” Dizermos: “Senhor, se isso for da tua vontade, que o telefone toque hoje às 8 da noite em ponto.” Daí, o telefone toca às 7:55; e aí, foi Deus ou o diabo? O problema com provas desse tipo é que nós, como Gideão, não temos convicção de que Deus realmente falou. Tudo fica à mercê de emoção, impulso ou sentimento. A fé de Gideão não foi fortalecida pelo teste da lã. Na verdade, ele ficou com mais medo do que antes.

Vou destacar dois pensamentos. Duas coisas acontecem no relacionamento entre Gideão e o Senhor que Deus não desejava:

  • Primeiro, Gideão fica tomado de incerteza; ele fica mais inseguro do que antes;
  • E segundo: Gideão é tomado de medo.

Disse mais Gideão: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que mais esta vez faça eu a prova com a lã...

Ele se aproxima de Deus em covardia: “Senhor, estou com medo de um raio atingir minha cabeça. Por favor, posso dizer mais uma coisa, por favor?” Essa atitude é muito diferente do que lemos em Hebreus 4.16, que fala que devemos nos achegar não em covardia, mas confiadamente junto ao trono da graça.

Outros Defeitos da Lã

O que mais há de errado com o sistema da lã? Deixe-me mencionar mais 5 defeitos.

  • Primeiro, a lã é geralmente motivada pelo medo.

Ou seja, pensamos: “Deus parece estar me direcionando neste caminho em particular, mas é desconfortável e arriscado. Não sei se consigo fazer o que ele quer. Estou com medo e preciso ter mais certeza até a semana que vem; então, vou fazer a prova da lã.” A prova da lã é motivada pelo medo daquilo que você sabe que Deus manda fazer. Às vezes, a vontade de Deus pode gerar medo.

Nesse texto, o Senhor busca desenvolver a fé de Gideão antes de instruí-lo; ele não queria que Gideão tivesse todas as respostas, soubesse que lutaria com um exército de apenas 300 guerreiros, soubesse da prova no rio, as trombetas, dos gritos, etc. Deus queria que Gideão agisse com base apenas no que ele sabia naquele momento.

O mesmo vale para nós. A vontade de Deus não é algo que nos ilude aqui e acolá. Na verdade, nossa preocupação não deve ser com a semana ou com o mês que vem, mas com o hoje. Um dos melhores conselhos que recebi foi: “Faça o certo hoje que Deus cuidará do amanhã.”

Se você fizer o que Deus quer hoje—se agradá-lo hoje, andar com ele hoje, orar hoje, estudar sua Palavra hoje—Deus não irá brincar de esconde-esconde com o amanhã. Ele deseja desenvolver sua fé antes de dar mais instrução para o amanhã.

  • Segundo, a lã geralmente resulta de má administração do tempo.

Em outras palavras, a prova da lã é algo que fazemos de última hora: “Senhor, preciso saber até amanhã se devo ou não aceitar aquele emprego, comprar aquela casa...” O problema é que não demos ao Espírito de Deus tempo suficiente para trabalhar em nós antes da decisão. Assim, ficamos sem direcionamento. Damos a Deus 5 ou 10 minutos por dia e alguns outros minutos à noite. Daí, a crise chega. É de se esperar que nos faltaria direção.

Não estou enfatizando qualidade ou quantidade nos devocionais—isso não é a resposta. Mas como é sua vida? Você anda com Deus, passa tempo com ele? Quando chega a crise, você fica perdido?

Deus nos desenvolve para as águas turbulentas mais adiante. Ficamos com dificuldade nas águas agitadas porque não nos preparamos direito nas águas calmas.

Em suma, a lã aparece porque não administramos bem nosso tempo e relacionamento com o Senhor. Meu amigo, é muito mais importante passar tempo com o Pai do que tentar descobrir como esse negócio da lã funciona.

  • Terceiro, a lã é, às vezes, uma tentativa de se evitar conselho bíblico dado por pessoas piedosas.

Pessoas maduras na fé nos dão conselhos e eles concordam entre si, mas não gostamos de ouvi-los, não é o que queremos. Por isso, buscamos a solução em outro lugar, numa lã que nós podemos controlar.

  • Quarto: a lã é, geralmente, conforme já mencionamos, uma recusa de obedecer à vontade revelada de Deus.

O problema não é que não sabemos qual é a vontade de Deus numa determinada situação; o problema é que recusamos obedecer a Deus. E sinceramente, na minha vida pessoal tenho mais dificuldade com o aquilo que sei que Deus me mandou fazer do que com aquilo que não sei que ele me manda fazer!

  • E quinto: a lã geralmente se relaciona a coisas que podem ser resolvidas com o bom-senso dado por Deus.

A prova da lã está, com bastante frequência, ligada a, por exemplo, comprar alguma coisa, mudar-se para outro lugar ou fazer algo. O que estou destacando aqui é que Deus nos deu bom-senso, isto é, a capacidade para raciocinar.

Um dos meus professores costumava repetir várias vezes: “Deus jamais desejou que cometêssemos suicídio intelectual quando fomos a Cristo.” Não colocamos nossa mente no ponto morto quando nos convertemos a Cristo. Deus quer que usemos nossas mentes.

George Mueller descobriu um método que eu e minha esposa temos usado já muitas vezes em nossa experiência; ele se chama “o método do diário.” Deixe-me sugerir esse método como uma maneira de você utilizar sua capacidade de raciocinar enquanto considera em oração várias decisões.

Nesse método do diário, Mueller pegava um pedaço de papel e o dividia ao meio com um traço, formando duas colunas. De um lado, ele colocava o que chamava de proposições que pareciam ser positivas à sua inclinação conforme dada por Deus. Hoje chamamos isso de “pros.” Do outro lado, ele escrevia coisas que pareciam ser contra a inclinação dada por Deus, o que chamamos de “contras.” Então, essa era uma folha de papel simples com “pros” de um lado e “contras” do outro.

O segredo desse método era que Mueller dava a Deus em oração a liberdade de mudar as coisas de uma coluna para outra. Ele disse: “Às vezes, o que pensávamos ser ‘pros’ se tornavam ‘contras,’ e o que pensávamos ser negativo se tornava positivo.” Dessa maneira, enquanto Deus trabalhava na própria mente e raciocínio de Mueller, ele conseguia organizar a vontade de Deus.

Em seus orfanatos, George Mueller administrou o correspondente na economia de hoje a 25 milhões de dólares. Ele escreveu o seguinte sobre a vontade de Deus:

9 de 10 dificuldades que tenho de descobrir a vontade de Deus são vencidas quando meu coração se vê pronto para fazer a vontade do Senhor, qualquer que ela seja. Quando me encontro de fato nesse estado, estou perto do conhecimento de sua vontade.

Substituindo A Lã

Então, se a prova da lã não é o melhor método para se descobrir a vontade de Deus, o que devemos usar em seu lugar? Vou sugerir seis coisas, começando com alguns lembretes negativos.

  • Primeiro, Deus não revela sua vontade por meio de sons, sonhos e visões.

À parte da verdade proposicional objetiva revelada por Deus, estamos no mar da subjetividade. Conforme lemos em 2 Timóteo 3.17, a Palavra de Deus é suficiente para nos habilitar para toda boa obra.

Na carta aos Colossenses, Paulo menciona outras maneiras como Deus nos revela sua vontade. Lemos, por exemplo, em Colossenses 3.15: Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração.

Falamos muito sobre se temos ou não paz e isso é algo válido. A paz não atua sozinha; ela vem acompanhada de outras coisas, mas Deus direciona nossas vidas também ao nos dar paz nas situações.

Alguém afirmou certa vez que a diferença entre a paz emocional e a paz de Deus é que as nossas emoções variam. Posso me sentir bem sobre algo hoje, mas mal sobre a mesma coisa amanhã. Contudo, se Deus está me dando paz, ela se tornará mais profunda por meio da oração e estudo da Palavra.

Ainda lemos em Colossenses 3.16: Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo. “Habitar,” ou seja, a Palavra de Deus deve fazer residência, moradia em nossas vidas; ela precisa se mudar para dentro da casa de nossos corações. Não vivemos com base em um verso aqui e outro ali; vivemos pela Bíblia inteira; ela é o manual de como devemos proceder.

Então, como Deus fala? Ele fala de forma inaudível em nosso espírito. Sua revelação audível e visível já terminou. Como sei disso? Hebreus 1.1–2 diz:

Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho...

Por um tempo, Deus deu revelação por meio dos profetas de várias formas, mas atualmente ele fala a nós por meio do Filho.

Quero encorajar todos vocês que ensinam turmas de escola dominical, crianças e adultos a ficarem longe da frase “Deus falou comigo.” Fique longe dessa frase porque ela transmite algo confuso e incorreto teologicamente. Deus trabalha em seu coração para direcioná-lo e dar paz, mas cuidado com frases que dão a entender que ele fala de forma audível e visível.

Em nossos dias, Deus parece estar falando com todo mundo, desde muçulmanos a motoristas de ônibus e assassinos. A voz de Deus parece ecoar por todos os cantos. Meu amigo, saiba que a revelação de Deus é por meio de sua Palavra e Espírito. Tudo para aí. Da próxima vez que ouvir um pregador na televisão ou rádio dizendo que “Deus falou com ele,” desligue-o.

  • Segundo, Deus nem sempre recebe obediência após revelar sua vontade.

Esse é um lembrete negativo em sua busca pela vontade de Deus. Você não irá se levantar, ler a mensagem nas estrelas e esperar que isso o leve à obediência. Conforme li certa vez: “Obediência produz entendimento. Entendimento nem sempre produz obediência.” Esse é um excelente lembrete para nós em nossa busca pela vontade do Senhor.

Pense em Gideão na primeira parte de Juízes 6. Ele leva uma refeição como oferta ao Anjo do Senhor que apareceu ao seu lado. Em seguida, o Anjo pega o bordão de Gideão, toca a oferta e ela é consumida por fogo. Daí, o Anjo some. Do que mais ele precisa?

Bom, Gideão precisava de um pouco mais. Então, ele diz: “Senhor, aqui está a lã. Que ela esteja molhada e o chão ao redor seco. Daí, crerei.” E Deus responde à prova. O que está acontecendo? Será que Gideão precisa de mais entendimento? Não. Ele precisa de obediência.

  • Terceiro, Deus não dificulta as coisas para os crentes entenderem sua vontade.

Deus prometeu em Filipenses 2.13: porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Agora, por que Deus se proporia realizar essas coisas em sua vida e depois impossibilitaria a descoberta de sua vontade?

Deus não brinca de esconde-esconde. Ele não diz: “Está lá,” para você correr e ele dizer em seguida: “Ah ha! Enganei o bobo. Está aqui!” Deus não nos faz sair correndo atrás de sua vontade. A vontade de Deus se assemelha mais ao seu dom espiritual—você não acorda de manhã com uma mensagem no teto de seu quarto: “Dom de ensino.”

Eu e você nos deparamos com a vontade do Senhor à medida que obedecemos a Deus hoje e amanhã. Deus abre as portas e você começa a servir. Em seguida, Deus começa a encaixar as coisas no devido lugar e você diz: “Deus me deu este dom.”

Agora que observamos os lembretes negativos, permita-me destacar alguns métodos positivos como podemos descobrir a vontade de Deus.

  • Primeiro, comece dando a Deus o privilégio de realizar as coisas no tempo dele.

Esse é, provavelmente, o passo mais difícil. Deus trabalha seguindo um relógio diferente do nosso.

Gosto da lenda de um homem que conseguiu uma audiência com Deus. Ele perguntou: “Senhor, quanto tempo é um milhão de anos para ti?” Deus respondeu: “Ah, é como um segundo apenas.” O homem perguntou de novo: “Senhor, quanto é um milhão de reais para ti?” Deus respondeu: “Um milhão de reais é como um centavo.” O homem pensou por um instante, deu um sorriso e disse: “Senhor, o que acha de me dar um centavo?” Deus respondeu: “Sem problemas! Espere só um segundo.”

Os nossos pensamentos não são os pensamentos de Deus; nossos valores devem ser os valores de Deus, mas seus caminhos estão muito além dos nossos. Precisamos descansar no tempo de Deus porque ele deseja desenvolver em nós aquilo que planejou desde o princípio.

  • Segundo, creia pela fé que Deus deseja que entendamos sua vontade.

Coloco ênfase na expressão “pela fé”—cremos pela fé que Deus deseja que entendamos sua vontade. Quando escreveu aos colossenses, Paulo afirmou que a vontade de Deus era que eles transbordassem de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual. Essa é a vontade de Deus para nós.

  • Terceiro, faça três jornadas em sua descoberta da vontade de Deus.

Elas são as seguintes:

  • Vá para os seus joelhos.

Tiago escreveu em Tiago 1.5:

Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.

Deus não o repreenderá por pedir sabedoria. Então, não passe muito tempo com as lãs; passe mais tempo com o Pai.

  • Em seguida, vá à Palavra de Deus.

Se você busca a vontade de Deus, leia o Salmo 119; ele está repleto de sabedoria, como o verso 105: Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos. Agora, é óbvio que Davi não fala aqui do tipo de lâmpada que nós temos hoje. Ele fala de uma lamparina numa noite escura. E que tipo de iluminação uma lamparina oferece? O suficiente apenas para ele dar mais um passo; quando você dá um passo, a luz ilumina o suficiente para você dar mais um passo e assim por diante. Essa é a união da obediência com o entendimento.

  • Por fim, vá aos sábios.

Nesse quesito, o livro de Provérbios é excelente. Eu, por exemplo, leio Provérbios 13.14, 20:

O ensino do sábio é fonte de vida, para que se evitem os laços da morte... Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau.

F. B. Meyer, grande expositor de uma geração atrás, contou sobre a noite em que atravessou o canal irlandês de barco. A noite estava muito escura e ele ficou indagando como o capitão do barco conseguiria encontrar o porto. Ele perguntou: “Como você sabe onde fica a entrada para o ancoradouro?” O capitão respondeu: “Você está vendo aquelas três luzes na orla?” “Sim,” respondeu Meyer. O capitão continuou: “Quando elas se alinharem de forma a parecerem ser apenas uma, saberei o caminho para o ancoradouro.”

Meyer aplicou o acontecido à vida cristã com as seguintes palavras:

Quando queremos saber a vontade de Deus, existem três coisas que concordarão entre si sempre: o impulso interior [a paz de Deus], a Palavra de Deus e as circunstâncias, à medida que Deus trabalha em sua vida fechando e abrindo portas. Deus nas circunstâncias, Deus em seu coração impelindo-o a continuar e Deus no Livro, corroborando aquilo que diz em seu coração—esses três, quando formarem uma coisa só, ajudarão a indicar a vontade de Deus.

Portanto, meu amigo, tudo começa com o Pai, não com a lã. E quando descobrir o Pai, deixará de lado a lã. Sugiro isso não por uma hora ou um dia apenas, mas pelo resto de sua vida. Pois é pelo resto de nossas vidas que Deus nos transforma em “Gideões,” capazes de entender e obedecer a direção de sua vontade.

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