
Começando no Fundo do Quintal
Começando no Fundo do Quintal
Além da Lã—Parte 1
Juízes 6.1–35
Introdução
Em maio de 1855, um rapaz de 18 anos de idade foi a um diácono da igreja que frequentava e expressou o desejo de se tornar membro ali. Após ter sido entrevistado pelos diáconos, seu pedido de membresia foi negado, pois os diáconos não ficaram convencidos de que o jovem possuía um entendimento firme o suficiente sobre a pessoa e obra de Cristo em sua vida. A sugestão foi a de fazer um curso que durava um ano. Caso se submetesse àquele curso, o jovem teria mais uma oportunidade de entrevista, depois da qual, quem sabe, poderia se tornar membro daquela igreja.
Conforme os registros, o jovem quase não passou na segunda entrevista. Na verdade, o homem que o tinha conduzido à fé em Cristo disse o seguinte a respeito do jovem D. L. Moody:
Posso dizer verdadeiramente que conheci poucas pessoas com uma mente mais obscurecida espiritualmente do que a desse jovem quando entrou na minha sala de Escola Dominical. Creio que o comitê de membresia raramente recebeu um candidato com menor probabilidade de se tornar um crente com perspectivas claras e decididas sobre a verdade do Evangelho, e com menor probabilidade ainda de ocupar algum cargo notório ou de grande utilidade.
É uma enorme alegria ver que Deus frequentemente escolhe usar pessoas simples. Em nosso estudo em Juízes 6, veremos um relato semelhante.
Enquanto lia e refletia sobre a história de Gideão—enquanto ponderava e meditava nos três capítulos que incluem a biografia mais longa de um juiz no livro de Juízes—ficou claro para mim que lia a biografia de um crente simples e comum.
Gideão era um homem como qualquer outro que seria usado de maneira extraordinária e que, assim como D. L. Moody, possuía poucas qualificações e entendimento limitado. Na verdade, Gideão, de todos os indivíduos que veremos no livro de Juízes, parece ser o mais devagar para compreender a situação. Em certo sentido, ele parece até ser pouco inteligente.
Muito provavelmente, você já ouviu a história da lã. Em nosso próximo encontro, veremos o evento da lã e seu significado. Gideão representa você e eu—crentes comuns e normais. Às vezes, eu tenho dificuldade para entender as verdades mais básicas das Escrituras.
A Condição de Israel
Começaremos observando a condição de Israel na época em que a história de Gideão se desenrola. Você se lembra do ciclo de pecado no qual Israel caía repetidamente. A essa altura, a juíza Débora já tinha morrido e a nação, mais uma vez, voltado ao pecado. Uma nova geração surgiu que não sabia das obras de Deus por meio da profetiza Débora. Por isso, retornaram ao pecado e Deus entregou os israelitas nas mãos dos midianitas. Agora, Israel clama por libertação.
Não trataremos detalhadamente da primeira parte do capítulo, mas deixe-me resumi-la para você. Os midianitas eram diferentes dos demais inimigos de Israel porque, ao invés de tomarem a terra, eles esperavam pelo período da colheita e, então, atacavam. Os midianitas vinham e levavam todos os produtos, todos os frutos da terra, carregavam seus camelos, atravessavam o rio Jordão e esperavam para atacar novamente no ano seguinte. Assim como os impostos anuais, os midianitas atacaram Israel no decorrer de sete anos. Por isso, os israelitas sofreram de fome.
Acompanhe a leitura de Juízes 6.8–10:
o SENHOR lhes enviou um profeta, que lhes disse: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Eu é que vos fiz subir do Egito e vos tirei da casa da servidão; e vos livrei da mão dos egípcios e da mão de todos quantos vos oprimiam; e os expulsei de diante de vós e vos dei a sua terra; e disse: Eu sou o SENHOR, vosso Deus; não temais os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; contudo, não destes ouvidos à minha voz.
Essa é a primeira vez que Deus responde dessa maneira. Antes disso, quando o povo clamou por libertação, Deus simplesmente suscitou juízes. Nessa ocasião, porém, quando eles clamaram, Deus enviou primeiro um profeta, o qual pregou ao povo. A conclusão da mensagem do profeta foi a seguinte: não destes ouvidos à minha voz.
Creio que Deus deseja que os israelitas entendam por que se encontram nessa dificuldade. Por isso, envia um profeta para proclamar a razão da opressão midianita. Ao invés de simplesmente livrá-los da situação, Deus quer que o povo analise cuidadosamente sua situação.
E Deus faz a mesma coisa comigo e com você. Às vezes queremos alívio e Deus quer que entendamos por que nos encontramos em problemas.
O Chamado de Gideão
Os israelitas, evidentemente, ouviram o profeta porque Deus inicia o plano de libertação; isto é, ele chama Gideão. Dividi o chamado de Gideão em três cenas diferentes.
- A primeira cena é uma visita angelical.
Veja Juízes 6.11:
Então, veio o Anjo do SENHOR, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o pôr a salvo dos midianitas.
Em tempos antigos, o trigo era malhado na eira, que era geralmente uma plataforma de madeira que ficava ao lado do campo onde o trigo era colhido. Quem malhava o trigo era um boi que puxava uma pedra sobre a qual o fazendeiro ficava em pé. Ao final do processo, o trigo era separado da palha. A malha era feita ao ar livre.
Conforme o texto, Gideão malha o trigo no lagar, onde uvas eram pisadas. Esse lagar tinha uma sala interior e ficava mais escondida. Então, Gideão junta os ramos de trigo e os esconde ali. Ao invés de fazer o processo normal na eira, separando o trigo da palha com uma pedra puxada por bois, ele usa uma vara para bater no trigo e separá-lo da palha.
É justamente nesse momento que um anjo aparece. O Anjo do Senhor se aproxima desse homem de meia-idade chamado Gideão e diz em Juízes 6.12:
Então, o Anjo do SENHOR lhe apareceu e lhe disse: O SENHOR é contigo, homem valente.
Gideão deve ter olhado ao redor e dito: “Está falando comigo?” Aqui está um homem que se esconde dos midianitas, tentando juntar comida suficiente para alimentar sua família e o Anjo chega e diz: “Gideão, homem valente!”
Precisamos entender que Gideão não sabe quem é esse Anjo. Nós, porém, sabemos que se trata do Anjo do Senhor, que é uma “teofania” ou manifestação visível de Deus. Os teólogos concordam que o Anjo do Senhor era uma manifestação do Cristo pré-encarnado no decorrer do Antigo Testamento. O Anjo do Senhor aparecia a determinados indivíduos, trazendo-lhes revelação especial com um fim específico. Sabemos que esse Anjo é Deus porque lemos em Juízes 6.14 que se virou o SENHOR para ele e disse.
Gideão responde às palavras do Anjo do Senhor com várias perguntas no verso 13:
Respondeu-lhe Gideão: Ai, senhor meu! Se o SENHOR é conosco, por que nos sobreveio tudo isto? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o SENHOR subir do Egito? Porém, agora, o SENHOR nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas.
Em outras palavras, “Onde está Deus? Onde estão todos os seus milagres? Ele nos abandonou.” Mal sabe ele que Yahweh está sentado bem ali!
Com base nessa conversa, podemos aprender duas verdades fenomenais sobre a forma como Deus trata seus filhos.
- Primeiro, Deus não responde as perguntas que Gideão faz no verso 13.
Deus não responde os “por ques” de Gideão—“Por que a vida é tão difícil? Por que Deus parece nos ter abandonado?” Na verdade, Deus meio que ignora tudo isso e faz outra coisa no verso 14:
Então, se virou o SENHOR para ele e disse: Vai nessa tua força e livra Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu?
O que o Anjo quer dizer com nessa tua força? No final, ele diz: não te enviei eu? Em resumo, Deus diz a Gideão: “Não vou responder todas as suas perguntas, mas quero que você saiba bem que estou com você.”
A propósito, essa é uma promessa que podemos levar por toda vida. Ela não fornece resposta para tudo e não resolve todos os problemas, mas é uma promessa que, independente de onde estivermos, assim como Gideão, Deus diz: “Estou contigo!” E isso por si só já basta.
- Segundo, Deus se refere a Gideão não como ele é no momento, mas como Gideão será no futuro.
Note como Deus se refere a Gideão no verso 12: homem valente. Isso é o que Deus tem em mente para Gideão.
E Deus faz isso com frequência no decorrer do Antigo Testamento. Ele disse a Abrão: “Abrão, vou mudar seu nome para ‘Abraão’,” um nome que significa “pai de multidões.” O velho Abrão deve ter rido sozinho. Semelhantemente, Cristo Jesus fez a mesma coisa com Pedro. Seu nome era Simão, mas Cristo o muda para “Pedro,” que significa “pedrinha”—“Você é firme, inabalável e forte, Pedro.” De fato, Pedro parecia ser tudo isso quando disse a Jesus: “Senhor, te seguirei até a morte.” Daí, menos de 24 horas depois, uma garota serva diz: “Ei, você é um dos seus discípulos, não é?” E Pedro nega Cristo três vezes. Que pedra!
Você sabe como Deus se refere a mim e a você? Ele nos chama de santos. Talvez não nos comportamos como santos, mas é assim que Deus nos chama. Deus lida conosco da forma como lida aqui com Gideão—ele nos enxerga com base naquilo que seremos, não no que somos no momento.
Deus sabe que Gideão não é nenhum corajoso William Wallace, mas ele o chama de homem valente. Essa é, de fato, uma promessa. Deus diz: “Farei de você, Gideão, um homem valente, um guerreiro, caso se submeta a mim.”
Em Juízes 6.17–19, Gideão pede um sinal e prepara uma refeição. Acompanhe o verso 20:
Porém o Anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os bolos asmos, põe-nos sobre esta penha e derrama-lhes por cima o caldo. E assim o fez.
Agora, lembre-se de que os israelitas estão passando por uma fome. Gideão prepara um cabrito, pães e um caldo em honra a esse convidado que ainda não sabe quem é. Agora, o convidado diz: “Coloque a comida sobre aquela pedra ali e derrama o caldo por cima.” Veja o verso 21:
Estendeu o Anjo do SENHOR a ponta do cajado que trazia na mão e tocou a carne e os bolos asmos; então, subiu fogo da penha e consumiu a carne e os bolos; e o Anjo do SENHOR desapareceu de sua presença.
É nesse ponto que Gideão percebe a identidade real do visitante. Ele fica cheio de temor e, conforme lemos no verso 22, ele teme que morrerá. Por que? Pois vi o Anjo do SENHOR face a face.
No decorrer do Antigo Testamento, vários indivíduos como Abraão, Josué e muitos outros viram a manifestação visível de Deus, provavelmente por meio do Cristo pré-encarnado, e não morreram. Então, muito provavelmente, Gideão era um homem muito humilde e sua reação se assemelha à reação do profeta Isaías, o qual disse o seguinte após ter visto a glória de Deus: Ai de mim! Estou perdido (Isaías 6.5).
Um encontro direto com a santidade e o poder de Deus nos deixa com um senso de indignidade e até de pecaminosidade.
Em nossos dias, as pessoas falam muito sobre autoestima; existe muita ênfase em se sentir bem a respeito de si mesmo. Entretanto, vejo pessoas nas Escrituras que se encontram com a santidade de Deus e ficaram sobrecarregadas com sua pecaminosidade e, assim como o profeta, declaram: em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum (Romanos 7.18).
Creio que autoestima verdadeira surge dessa passagem. Primeiro, reconhecemos a santidade de Deus e, por causa disso, reconhecemos a pecaminosidade em nós. Em seguida, dando mais um passo adiante na graça de Deus, reconhecemos que ele decidiu se relacionar conosco e nos dar valor que não temos.
Dessa maneira, autoestima é impossível à parte de um relacionamento com Cristo Jesus. Ela conduz apenas a frustração. Um equilíbrio entre a santidade de Deus e nossa pecaminosidade—com sua graça no centro—nos protege de dois extremos: da autocomiseração que conduz à autoflagelação por um lado, e da supervalorização do ego e orgulho espiritual por outro lado. Creio que Gideão se encontrava nesse ponto quando foi apresentado ao seu Deus e a quem seu Deus era.
Agora, veja o que acontece em Juízes 6.24. Algo semelhante acontecerá em nossas vidas também:
Então, Gideão edificou ali um altar ao SENHOR e lhe chamou de O SENHOR É Paz. Ainda até ao dia de hoje está o altar em Ofra, que pertence aos abiezritas.
Em outras palavras, meu amigo, esse encontro com a santidade de Deus, o reconhecimento de sua própria pecaminosidade e a declaração graciosa de Deus—“Estou contigo”—conduziu Gideão a adoração. Assim, quando as cortinas da primeira cena fecham, o cenário é o de adoração.
- A segunda cena é a iniciação da fé.
Essa cena começa no verso 25. Vamos ler a partir daí porque isso acontece na mesma noite em que Deus fala a Gideão e começa o processo de transformá-lo no grande líder que será no futuro. Veja Juízes 6.25:
Naquela mesma noite, lhe disse o SENHOR: Toma um boi que pertence a teu pai, a saber, o segundo boi de sete anos, e derriba o altar de Baal que é de teu pai, e corta o poste-ídolo que está junto ao altar.
Creio que o boi de sete anos representa os sete anos de opressão midianita. Gideão deveria derrubar o altar a Baal com esse boi mais velho. O altar a Baal era semelhante a um totem—um poste de madeira dedicado à deusa da imoralidade e suposta mulher de Baal. Continue no verso 26:
Edifica ao SENHOR, teu Deus, um altar no cimo deste baluarte, em camadas de pedra, e toma o segundo boi, e o oferecerás em holocausto com a lenha do poste-ídolo que vieres a cortar.
Gideão teria que construir um altar no mesmo lugar onde antes estivera o altar a Baal que derrubou com o boi de sete anos. Em seguida, deveria fazer uma fogueira com a madeira do altar do poste-ídolo, também conhecido como “Aserá.”
Esse é um evento de enorme significância na vida de Gideão. É aqui que Deus lhe pergunta: “Gideão, você me seguirá? Se sim, então aqui está o que deve fazer no quintal de sua própria casa—é o ídolo de seu pai. Quero que você o derrube. Mas entenda bem: se decidir fazer isso e me obedecer, não haverá volta.” Então, como Gideão reage a isso? Ele começa no fundo do quintal de seu pai e obedece a Deus.
Antes de partirmos mais adiante, existe uma aplicação pessoal nisso. Nenhum de nós será útil a Deus no culto público sem antes ser útil a Deus no culto privado. Gideão começará com sua própria família, no fundo do seu próprio quintal antes de realizar alguma coisa para sua nação. Não podemos servir o altar de Baal—não podemos ter um altar desse no fundo de nosso quintal—e ao mesmo tempo servir o Deus verdadeiro. Não podemos vacilar entre os dois.
Por isso, o Senhor diz: “Gideão, se você for me seguir, terá que primeiro resolver o problema da idolatria em seu lar.” Não podemos ser como Agostinho antes de ser salvo, o qual disse em sua juventude: “Senhor, dá-me pureza, mas não agora.” Não podemos ser indecisos. Temos que escolher Baal ou Yahweh. Deus não tolera Baal. Baal pode até tolerar Yahweh, mas o contrário é impossível. Então, em certo sentido, Deus manda Gideão ingressar primeiro na batalha mais difícil de todas.
Em Juízes 6.27, Gideão obedece, mas note do que ele tem medo:
Então, Gideão tomou dez homens dentre os seus servos e fez como o SENHOR lhe dissera; temendo ele, porém, a casa de seu pai e os homens daquela cidade, não o fez de dia, mas de noite.
Permita-me destacar dois princípios da fé com base nesse verso.
- Primeiro: fé não é demonstrada por ausência de medo.
Deus não removeu sobrenaturalmente todos os medos de Gideão quando ele disse: “Sim, eu te obedecerei, Senhor.”
Enquanto assistia a alguns atletas sendo entrevistados, fiquei pensando: “E se um repórter abordasse Gideão no exato momento em que ia destruir o altar de Baal, quando dá início àquele momento histórico? E se o repórter perguntasse: ‘Gideão, como você se sente? Estamos sabendo que você é o homem de Deus para esta obra’?” Ele responderia: “Olha, estou com muito medo. Na verdade, vou até pegar umas lãs amanhã. Não estou convencido de que Deus chamou o homem certo.” “Nossa, como você é humilde. Mas conte-nos sobre sua estratégia de ataque para derrubar o altar de Baal. Qual é o plano?” “Bom, vou entrar escondido durante à noite para que ninguém me veja e terminar o trabalho antes que alguém acorde.” O repórter diz: “Corta! Pensei que estivesse entrevistando um valente, mas me mandaram um covarde!”
Meu amigo, isso se assemelha a Paulo, o qual escreveu em 1 Coríntios 2.3 sobre seu ministério em Corinto: E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós.
- Segundo: fé é demonstrada por meio de obediência.
Você não precisa chegar ao ponto em que diz: “Certo, tenho muita fé em Deus. Então, vou fazer isso logo antes que ela acabe.” Fé é revelada por meio de simples obediência, não importa sua atitude ou os sentimentos que possui. Deus não chama pessoas destemidas, mas pessoas fieis.
Entenda que Deus manda Gideão fazer algo extremamente difícil aqui. Antes de estudar sua vida, pensava que o mais difícil foi encarar os midianitas com 300 homens. Mas, agora, entendo que o mais difícil para ele foi ir ao fundo do quintal da casa de seu pai, o qual era o dono daquele altar a Baal, e destruí-lo. Gideão deveria expor a idolatria de sua família e indiciar a nação por haver seguido Baal. Particularmente, não vejo nada de errado em Gideão escolher realizar a obra à noite.
Agora, três coisas acontecem por causa da obediência de Gideão. Deixe-me mencionar os três resultados.
- Primeiro: a cidade inteira se enfurece.
Veja Juízes 6.28–30:
Levantando-se, pois, de madrugada, os homens daquela cidade, eis que estava o altar de Baal derribado, e o poste-ídolo que estava junto dele, cortado; e o referido segundo boi fora oferecido no altar edificado. E uns aos outros diziam: Quem fez isto? E, perguntando e inquirindo, disseram: Gideão, o filho de Joás, fez esta coisa. Então, os homens daquela cidade disseram a Joás: Leva para fora o teu filho, para que morra; pois derribou o altar de Baal e cortou o poste-ídolo que estava junto dele.
Meu amigo, veja quem fala aqui—midianitas ou os israelitas? São os israelitas! Eles dizem: “Quem derrubou o altar de Baal? Vamos encontrar esse criminoso e acabar com sua vida!”
Podemos fazer ideia do que Gideão estava enfrentando. A cidade inteira buscou mata-lo. Isso também nos fornece uma ideia do nível da apostasia da nação.
- A segunda coisa que acontece como resultado é: o pai de Gideão cria coragem.
Veja o verso 31:
Porém Joás disse a todos os que se puseram contra ele: Contendereis vós por Baal? Livrá-lo-eis vós? Qualquer que por ele contender, ainda esta manhã, será morto. Se é deus, que por si mesmo contenda; pois derribaram o seu altar.
É interessante que Joás, nesse momento, deixa de ser o guardião do altar, toma coragem e diz: “Ei, esperem um pouco aí! Se Baal é realmente um deus, que ele lide com meu filho! Se não, então estamos com um problema—teremos seguido um pedaço de madeira.”
Eu acredito que Joás foi convencido e desafiado pela coragem de seu filho. Ele era um homem que tinha permitido que a idolatria invadisse seu lar. Na verdade, Joás atuava como o guardião do altar onde todos os homens da cidade adoravam. Joás foi envergonhado pela atitude de seu filho.
Gideão faz o que seu pai deveria ter feito há muito tempo. Agora, seu pai o defende. É bom ver Gideão e Joás de braços dados seguindo Yahweh.
- A terceira coisa que aconteceu como resultado da obediência de Gideão é que sua reputação é firmada como líder.
Seu pai lhe dá um apelido que servirá como uma espécie de grito de guerra. Veja Juízes 6.32:
Naquele dia, Gideão passou a ser chamado Jerubaal, porque foi dito: Baal contenda contra ele, pois ele derribou o seu altar.
O apelido significa “oponente, adversário de Baal.”
Até mesmo no dia anterior, Gideão se escondia no lagar, separando trigo com uma vara. Ele está desiludido e pensa: “Onde está Deus?” Agora, por causa do que Deus já tem feito—não por causa do que Gideão fez, apesar de ter sido submisso—ele não é mais chamado de “Gideão,” mas de “Adversário de Baal”!
- Isso nos introduz à terceira cena, que é: a consagração de Gideão.
Veja Juízes 6.34–35:
Então, o Espírito do SENHOR revestiu a Gideão, o qual tocou a rebate, e os abiezritas se ajuntaram após dele. Enviou mensageiros por toda a tribo de Manassés, que também foi convocada para o seguir; enviou ainda mensageiros a Aser, e a Zebulom, e a Naftali, e saíram para encontrar-se com ele.
Agora, existe uma movimentação na nação para lutar contra os midianitas. É nesse momento que o Espírito começa a habitar em Gideão ou passa a “revestir” Gideão.
Precisamos entender a diferença no ministério do Espírito Santo no Antigo e no Novo Testamento:
- No Antigo, ele não habitava nos crentes; no Novo, ele habita;
- No Antigo ele habitava com um propósito específico; no Novo ele habita de forma compreensiva para a vida cotidiana;
- No Antigo ele ungia temporariamente; no Novo permanentemente.
Em Juízes 6.34, lemos que o Espírito revestiu a Gideão. Essa é uma belíssima expressão, indicando que o Espírito utiliza Gideão como se ele fosse uma roupa—Gideão seria a roupa e o Espírito a vida usando a roupa. O Espírito deseja nos usar como veículos para andar por esta vida. E assim como qualquer roupa, Gideão se submeteria à vida do Espírito Santo dentro dele. Semelhantemente, como crentes, nós obedecemos ao Espírito e fazemos sua vontade.
Aplicação: Três Cenas,
Três Reações
Deixe-me resumir a história de Gideão até aqui para fazer aplicações. Existem três cenas ou eventos que prepararam Gideão para o que virá em seguida, e ele reagiu de três formas.
- Primeiro: Gideão foi confrontado com a presença de Deus e ele reagiu adorando.
- Segundo: Gideão foi desafiado com a idolatria do seu povo e ele obedeceu.
- Terceiro: Gideão foi revestido pelo Espírito de Deus e ele se submeteu.
Em cada um de nós, crentes simples e normais assim como Gideão, Deus pode realizar algo maravilhoso—ele nos dá o seu poder para caminharmos com ele dia após dia. Se reconhecermos sua santidade e nossa pecaminosidade, adoraremos. Deus pode realizar sua vontade através de nós se reagirmos em obediência e submissão como Deus deseja.
Dessa forma, Deus poderá contar nossa história a outras pessoas—uma biografia de crentes que, como Gideão, experimentaram essas coisas e se dispuseram a serem usados por Deus para ele fazer sua vontade em nós.
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