
Aplausos à Dona de Casa
Aplausos à Dona de Casa
Ciclos de Pecado, Histórias da Graça—Parte 3
Juízes 4–5
Introdução
Convido você a abrir sua Bíblia em Juízes 4.1–3. É como se o autor estivesse já cansado do ciclo pecaminoso do povo de Israel e escrevesse: “Lá vão eles fazer a mesma coisa de novo!” Veja Juízes 4.1–3:
Os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau perante o SENHOR, depois de falecer Eúde. Entregou-os o SENHOR nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. Sísera era o comandante do seu exército, o qual, então, habitava em Harosete-Hagoim. Clamaram os filhos de Israel ao SENHOR, porquanto Jabim tinha novecentos carros de ferro e, por vinte anos, oprimia duramente os filhos de Israel.
Então, mais uma vez, o povo de Israel se encontra escravizado a algum rei cananeu por causa de rebelião. Os israelitas têm menos guerreiros, menos armamentos e ocupam uma posição desvantajosa. Humanamente falando, a situação era desesperadora.
Lembre-se, porém, que, a despeito das aparências, o problema principal de Israel não era militar, mas espiritual; sua real necessidade não era de carruagens e espadas, mas de um relacionamento vital com o Deus que tinham abandonado. Se confiassem nele, ele os livraria até mesmo da situação mais impossível.
A fim de lhes ensinar essa verdade, Deus faz algo incomum. Ele não suscita um guerreiro como Sangar, que derrotou 600 filisteus com uma aguilhada de boi, como vimos no estudo anterior; ele não levantou um Otniel, um guerreiro experimentado da família de Calebe. Ao invés disso, Deus suscitou alguém totalmente diferente do que esperaríamos como líder para conduzir o povo à guerra. Deus levanta alguém que ensinaria a nação a lição de que a batalha pertencia a Deus e cabia a ele proteger os israelitas contra carros de ferro. Deus escolhe uma dona de casa chamada Débora.
Vemos a descrição transparente e honesta de Débora no poema que ela mesma escreveu após Deus lhe haver dado a vitória. Lemos em Juízes 5.7:
Ficaram desertas as aldeias em Israel, repousaram, até que eu, Débora, me levantei, levantei-me por mãe em Israel.
Em outras palavras, Débora diz: “É Deus quem nos qualifica para sua obra. Quer você seja uma dona de casa ou um advogado, ele escolhe e usa qualquer um. Eu não passo de uma mãe comum em Israel.”
Juízes 4–5 é uma narrativa de coragem e fé por parte de duas donas de casa e um general experiente que já estavam cansados de tanto pecado e dispostos a lutar.
Ilustrações da Condição de Israel
Vamos começar observando algumas ilustrações da condição de Israel. Com base no poema de Débora em Juízes 5, notamos 4 ilustrações da condição da nação nessa conjuntura.
- Primeiro: a comunicação entre as tribos havia praticamente terminado.
Detectamos essa verdade em Juízes 5.6: cessaram as caravanas; e os viajantes tomavam desvios tortuosos. O povo tinha tanto medo que não viajava pelas estradas e somente à noite. Assim, as tribos acabaram se isolando umas das outras.
- Segundo: as cidades estavam superlotadas com pessoas desencorajadas.
Lemos esse detalhe em Juízes 5.7: Ficaram desertas as aldeias em Israel. Ou seja, os camponeses deixaram suas aldeias e migraram para as cidades. As aldeias não passavam de vilas abertas, totalmente desprotegidas. Sem proteção, os fazendeiros e criadores de animais se viram forçados a deixar suas raízes e se mudar para cidades superlotadas em busca de proteção. Não é difícil imaginar o desespero dessas pessoas.
- Terceiro: as cidades viviam sob constante ameaça de guerra.
Veja Juízes 5.8: Escolheram-se deuses novos; então, a guerra estava às portas. O verso fala que o povo estava cercado pelos inimigos.
- Quarto: o exército de Israel era pequeno e despreparado.
Vemos isso na segunda parte do verso 8: não se via escudo nem lança entre quarenta mil em Israel. Isso nos informa duas coisas a respeito do exército:
- O exército tinha sido reduzido em tamanho, contando com apenas 40 mil soldados.
Esse parece até ser um número elevado, mas a população estava em milhões. O exército tinha o potencial de contar com centenas de milhares de soldados, mas o total era de apenas 40 mil.
- Em seguida, o verso indica que o exército não tinha armas para travar a batalha.
Conforme o verso diz, não havia escudo ou lança entre 40 mil soldados.
Contra quem eles estavam lutando? Contra o cananeu Jabim e contra Sísera, os quais contavam com 900 carruagens de ferro. Esse era o equipamento bélico mais desenvolvido da época.
Por isso, os israelitas estão desunidos, desencorajados, desesperados e desarmados. Mas por que? A resposta se encontra em Juízes 5.8. Leia novamente: Escolheram-se deuses novos. Essas três palavras resumem a resposta. Esta é a mentira de Satanás: “Jogue fora esses grilhões morais e se divirta. Isso sim é liberdade!” Mentira. Isso é escravidão. Qualquer hábito pecaminoso escraviza a alma. Esse pecado da nação de Israel fez com que o povo escolhido de Deus ficasse aterrorizado diante de um homem com 900 carruagens de ferro.
Deus Escolhe Uma Dona de Casa Chamada Débora
Agora, quem Deus escolhe nessa situação desesperadora de Israel? Uma dona de casa. Não sabemos muito a respeito de Débora—não somos informados sobre sua família, antepassados ou tribo. Juízes 4 fornece as únicas informações a respeito de Débora:
- Juízes 4.4 menciona o nome de seu marido, Lapidote;
- Juízes 4.4 também fala de seu dom—ela era profetisa. O Antigo Testamento menciona 3 profetisas que receberam revelação de Deus: Miriã, Hulda e Débora.
- Juízes 4.5 fala de seu discernimento. Ela se sentava debaixo de uma palmeira e julgava. Esse cenário é talvez o que mais se aproxima de nosso entendimento de juiz. Essa mãe, com discernimento e entendimento vindos de Deus, se sentava debaixo de uma sombra e julgava casos em Israel.
É interessante observar que, quando se trata de guerra, Débora não vai à peleja. Deus levantará um general chamado Baraque para liderar as forças militares.
Sabemos menos ainda sobre o general Baraque. Em Juízes 4.6, Débora o convoca para seu posto debaixo da palmeira, mas a conversa não é registrada—nenhum sinal de seu plano de ataque, suas estratégias militares, etc. Débora simplesmente lhe disse: “Lute contra Jabim!”
Mas a resposta do general é um tanto vergonhosa. Veja Juízes 4.8: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei. Baraque reage como um covarde, não como um comandante! Débora replica no verso 9:
...Certamente, irei contigo, porém não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera. E saiu Débora e se foi com Baraque para Quedes.
Não entraremos nos detalhes, mas essa outra mulher não é a própria Débora; ela se chama Jael. Sísera foge do exército de Israel e entra em sua tenda, onde Jael o hospeda e ele dorme. Enquanto Sísera cochila, ela enfia uma estaca da tenda na sua fonte e ele morre. Essa é uma morte um tanto violenta, mas foi assim que Jael lidou com a situação (Juízes 4.17–22).
Motivos para O Êxito de Israel
Sob o comando de Baraque e da juíza Débora, Israel tem êxito contra o cananeu Jabim e seu comandante Sísera. A própria Débora menciona em seu poema três motivos para esse êxito.
- Primeiro: o povo se voluntariou sem hesitação.
Esse, a propósito, é o mesmo motivo por que um crente tem sucesso em sua caminhada espiritual e a mesma coisa que impede uma igreja de se tornar ineficaz e irrelevante. Decidimos dizer a Deus: “Eis-me aqui, envia-me a mim!” Veja Juízes 4.10:
Então, Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes, e com ele subiram dez mil homens; e Débora também subiu com ele.
Caso você não tenha percebido, o verso diz que 10 mil homens se voluntariaram ali mesmo onde estavam!
Três tribos lutaram junto com Baraque. Veja Juízes 5. A primeira tribo foi a de Issacar. Lemos em Juízes 5.15:
Também os príncipes de Issacar foram com Débora; Issacar seguiu a Baraque, em cujas pegadas foi enviado para o vale...
A segunda tribo foi a de Zebulom. Veja Juízes 5.18: Zebulom é povo que expôs a sua vida à morte. O povo de Zebulom era corajoso, estando disposto a sacrificar sua própria vida pela causa.
Os homens de Zebulom estavam dispostos a usar seus corpos como armas, já que não tinham muitos armamentos. Isso se assemelha aos pilotos japoneses kamikaze da Segunda Guerra Mundial, que usaram seus aviões e corpos como armas. Que Deus nos ajude a ter esse mesmo espírito hoje!
A terceira tribo foi a de Naftali. Sua participação aparece junto com Zebulom no verso 18: Zebulom é povo que expôs a sua vida à morte, como também Naftali, nas alturas do campo.
A expressão nas alturas do campo significa que os voluntários dessa tribo disseram que ocupariam a posição mais difícil na batalha: “Baraque, onde a luta será mais perigosa e difícil? Queremos ir para lá.”
O que motivou essas tribos a fazer algo assim? Não havia promessa alguma de que Deus estaria com eles ou de que seriam recompensados. Débora informa a motivação em Juízes 5.31. Essa deve ser nossa motivação para servir de maneira eficaz e diligente também:
Assim, ó SENHOR, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que te amam brilham como o sol quando se levanta no seu esplendor. E a terra ficou em paz quarenta anos.
Qual foi a motivação deles? Após sua confissão, eles se levantaram com o coração cheio de amor por um Deus que os libertaria. Seu amor por Deus os motivou a ir à batalha.
Paulo escreveu em 2 Coríntios 5.14 que o amor de Cristo nos constrange. Após a ressurreição, Jesus perguntou a Pedro: Pedro, tu me amas?... Apascenta as minhas ovelhas (João 21.15–17). É interessante que Jesus não perguntou se Pedro sabia apascentar, se tinha feito um curso para aquilo, se entendia a dinâmica entre pastor e ovelha. Ele só perguntou: “Você me ama? Se sim, então está qualificado para me servir.”
Creio que muitas vezes não servimos a Cristo porque temos uma afeição religiosa por Deus—vamos à igreja aos domingos para nos sentir bem em relação a Deus, mas pensamos pouco nele de segunda a sábado. Essas tribos amavam o Senhor.
- O segundo motivo por que o povo teve êxito na investida contra Sísera foi que confiaram em Deus sem qualquer explicação.
A batalha é travada na planície de Esdrelon, o que inclui o ribeiro de Quisom cujo leito fica seco fora da época de chuva. A localização é perfeita para as carruagens de ferro de Sísera, mas ruim para a infantaria israelita. Mas Deus revelou por meio de Débora e Baraque: “É aqui que eu quero que lutem.”
Contudo, não há explicação, instrução ou estratégia de guerra; nada parece fazer sentido. Mesmo assim, ninguém volta para casa.
A parte triste na narrativa é a menção no poema de Débora das 4 tribos que recusaram lutar, que não quiseram se envolver com a guerra.
A primeira foi a tribo de Ruben. Veja Juízes 5.15–16:
...Entre as facções de Rúben houve grande discussão. Por que ficaste entre os currais para ouvires a flauta? Entre as facções de Rúben houve grande discussão.
A tribo sabia da necessidade de voluntários para a guerra, mas o povo ficou discutindo entre si. Enquanto a tribo se dividia em facções e discutia, a guerra era travada pelas outras tribos.
E esse acontece de ser um grande perigo na igreja também. Enquanto alguns discutem entre si, a obra vai sendo feita por outros que simplesmente colocam as mãos na massa.
A segunda tribo foi a que ocupava a região de Gileade. Veja o verso 17: Gileade ficou dalém do Jordão. Essa é apenas uma sentença, mas carregada de informações.
Gileade, na verdade, não inclui apenas uma, mas duas tribos—uma combinação da tribo de Gade e meia tribo de Manassés. Essas duas tribos tinham escolhido ficar fora de Canaã, do outro lado do rio Jordão.
Eu também já destaquei antes que essas foram as duas tribos que tanto se preocuparam em manter a fidelidade de Deus viva e latente na mente da geração seguinte que construíram um monumento para ensinar seus filhos sobre as obras de Deus (Josué 22).
Apesar disso, o que acontece poucas gerações depois? Uma sentença responde: Gileade ficou dalém do Jordão. Ou seja, eles disseram: “Essa batalha é deles; não precisamos nos envolver. Se vivêssemos mais perto, poderíamos ajudar. Vamos orar por eles e esperar que tudo dê certo.”
A terceira tribo foi a de Dã. Débora continua em seu poema e faz uma pergunta repleta de angústia em Juízes 5.17: e Dã, por que se deteve junto a seus navios?
A resposta se encontra em Juízes 1, onde lemos que Dã não conseguiu expulsar os amorreus de sua herança. Como resultado, a tribo inteira migrou para as montanhas e, por fim, perdeu a esperança de conquistar o território que lhe pertencia por direito.
O verso nos diz que os danitas se detiveram ao lado de seus navios. Essa é uma cena clássica; é como se eles estivessem de malas prontas e preparados para partir, caso a batalha não termine como esperado. Eles dizem: “Já lutamos antes e não deu certo. Carregamos os navios. Se perdermos a guerra, estamos prontos para ir embora daqui.” Agora, Débora pergunta: “Dã, por que você ficou ao lado dos navios e não veio nos ajudar?”
A quarta tribo que não ajudou foi a de Aser, conforme lemos em Juízes 5.17: Aser se assentou nas costas do mar e repousou nas suas baías. Essa foi a tribo que se ocupou com a coisa errada.
Aser habitava no litoral fenício e se concentrava em seus trabalhos—a terra, os navios, os ancoradouros, os negócios e o comércio. Eles podiam dizer: “Deus nos deu esta terra, estes navios e estes negócios!” Mas a tribo se ocupou demais com essas coisas e não foi à batalha. Ao invés de deixar tudo para trás e ir guerrear, continuou trabalhando em seus negócios.
O que pareceu ser algo razoável foi, na verdade, falta de visão pela obra de Deus, falta de entendimento do plano de Deus e da missão de Deus. Os membros de Aser não se voluntariaram.
É uma tragédia que:
- Aser some de cena, exceto por uma rápida menção na vida de Gideão;
- Dã mergulhou em apostasia;
- Gileade foi atacada constantemente e derrotada em batalhas, até que se tornou insignificante.
Meu amigo, não podemos fugir da batalha. Se recusarmos nos envolver com a obra e missão de Cristo; se não mostrarmos preocupação para com os outros crentes; se não nos envolvermos nas vidas das pessoas e na causa da igreja, acabaremos murchando dentro de nossa própria concha.
Os israelitas tiveram êxito porque se voluntariaram sem hesitação e confiaram em Deus s em qualquer explicação.
- Terceiro, porque deram a Deus o crédito sem restrição.
Quando compõe seu poema para expressar o sentimento dos israelitas diante da vitória, veja a quem Débora atribui o sucesso na batalha; veja quem os israelitas responsabilizaram pela vitória em Juízes 5.3:
Ouvi, reis, dai ouvidos, príncipes: eu, eu mesma cantarei ao SENHOR; salmodiarei ao SENHOR, Deus de Israel.
Os detalhes da vitória na guerra registrada no capítulo 4 aparecem no poema do capítulo 5. Débora conta como eles venceram o exército de Sísera no ribeiro de Quisom. Veja Juízes 5.19–21:
Vieram reis e pelejaram; pelejaram os reis de Canaã em Taanaque, junto às águas de Megido; porém não levaram nenhum despojo de prata. Desde os céus pelejaram as estrelas contra Sísera, desde a sua órbita o fizeram. O ribeiro Quisom os arrastou, Quisom, o ribeiro das batalhas. Avante, ó minha alma, firme!
Essa foi uma intervenção sobrenatural de Deus porque o ribeiro estava seco, mas Deus fez com que de repente enchesse de água por alguma tempestade forte. Flávio Josefo, o historiador judeu do século primeiro depois de Cristo, conta que essa foi uma tempestade de granizo, chuva e raios. Portanto, não foi uma garoa, mas uma chuvarada violenta.
O ribeiro seco que parecia ser o lugar perfeito para carruagens acabou se tornando o pior lugar para carruagens. Por outro lado, era o lugar perfeito para a infantaria israelita. O que parecia ser uma missão suicida era, na verdade, o plano perfeito de Deus.
As coisas ficam ainda mais interessantes quando consideramos que o deus cananeu Baal era o deus das tempestades, mas essa tempestade foi a causa da derrota do exército cananeu! Yahweh deixou claro que ele estava no controle da chuva.
A tempestade arrastou os inimigos e Sísera, o general, deixou sua carruagem e fugiu para salvar a vida. Foi aí que ele se deparou com a tenda de uma dona de casa chamada Jael. Enquanto dormia, Jael mata Sísera. A batalha foi vencida!
Conclusão
Antes de concluir, gostaria de voltar ao capítulo 3 de Juízes e fazer uma pergunta, cuja resposta se encontra nos versos 1–3. A pergunta é: por que Deus não eliminou Jabim e Sísera no momento em que os israelitas clamaram por ajuda, arrependidos e humilhados por causa de seu pecado? Por que Deus esperou que israelitas se voluntariassem para descer pelas montanhas e encarar as carruagens de ferro?
A razão se encontra em Juízes 3.1–2 e isso fornece a perspectiva correta para o livro inteiro de Juízes: Deus está no controle soberano da situação.
São estas as nações que o SENHOR deixou para, por elas, provar a Israel, isto é, provar quantos em Israel não sabiam de todas as guerras de Canaã. Isso tão-somente para que as gerações dos filhos de Israel delas soubessem (para lhes ensinar a guerra), pelo menos as gerações que, dantes, não sabiam disso:
Você sabe por que Deus deixou inimigos para Israel lutar contra eles? Você sabe por que Deus insere problemas em nossas vidas com os quais batalhamos? Deus deseja nos ensinar a lutar.
Você sabe por que ele nos deu uma armadura? Para eu e você, crente, lutarmos, não ficar ao lado de nossos navios ou do outro lado do Jordão. Deus quer nos ensinar a lutar na guerra espiritual e permanecer de pé!
Nisso, encontramos um princípio fundamental da vida cristã: Deus está mais interessado em desenvolver a fé de seu povo do que manifestar seu poder.
Por isso, Deus nos deixa subir a montanha e ver as carruagens de ferro. Às vezes, ele até permite que o inimigo nos derrote porque confiamos em nós mesmos. Deus deseja nos ensinar a lutar.
Talvez você tenha desistido e dito: “Já tentei lutar antes e fui derrotado. Vou para a igreja, tento ser um bom marido e pai crente, mas não gosto das carruagens de ferro; não gosto dessa batalha espiritual e de ter que confiar em Deus. Vou ficar no meu navio mesmo.” Meu amigo, entenda bem que Deus deseja ensiná-lo a lutar e disponibiliza graça para ensiná-lo.
Em um de seus livros, Gary Richmond escreveu algo que me impactou bastante. Ele serve como pastor, mas trabalhou no passado em um zoológico na cidade de Los Angeles, Estados Unidos. Nesse livro em particular, ele conta várias histórias sobre alguns animais.
Uma história que me chamou muito a atenção foi a de uma girafa mãe que estava prestes a ter seu filhote. Gary conta que nunca tinha visto aquilo e todos os funcionários do zoológico assistiam àquilo atentamente. O parto é diferente, já que a mamãe girafa dá à luz em pé. Isso significa que o filhote sofrerá uma queda de uns 2 metros de altura, o que é por si só uma experiência traumática ao se entrar neste mundo.
Enquanto os funcionários assistem àquilo, o filhote cai e olha ao seu redor. Algo interessante é que filhotes de girafa conseguem ficar de pé quase que imediatamente após o nascimento. Todos aplaudem enquanto o filhote está ali confuso olhando para o mundo.
De repente, a mãe chuta o filhote. Ele rola várias vezes no chão. Gary pensa: “O que está acontecendo? Coitado!” Mas o funcionário a cargo das girafas diz: “Não, isso é normal. O filhote precisa se levantar e precisa aprender rápido porque, no mundo selvagem, eles são presas fáceis.”
O filhote estica as pernas e se levanta. Ele balança um pouco por falta de equilíbrio, mas consegue e todos aplaudem. De repente, a mãe girafa o chuta mais uma vez. De novo, ele cai e rola no chão. Gary pensa: “Certo, acho que precisamos intervir.” Novamente, a pessoa a cargo das girafas diz: “Não, não. Isso é normal. A mãe quer que o filhote se lembre de como conseguiu se levantar.”
Talvez você esteja caído no tatame e Deus tenta ensiná-lo como se levantar, ficar de pé e lutar pela sua graça. Ele age em sua providência e com suas estratégias para lidar com carruagens de ferro e generais como Sísera, o qual pode ser derrotado por uma dona de casa numa tenda. Jamais se esqueça que a batalha pertence ao Senhor.
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