A Maldição de Caim

A Maldição de Caim

by Stephen Davey Ref: Genesis 4:1–25

A Maldição de Caim

Gênesis 4

Introdução

Chegamos hoje a Gênesis 4. Esse capítulo é uma excelente ilustração do pecado: todos os homens são pecadores, todos estão condenados, todos são indesculpáveis. Nesse capítulo, veremos a depravação do ser humano empinando sua cabeça terrível pela primeira vez fora do Jardim do Éden.

Gênesis 4 fornece o único relato confiável da civilização em seus primórdios. Ele difere, obviamente, do que dizem os cientistas e de escritos antropológicos que sugerem que o homem da antiguidade era um homem das cavernas, que caminhava por aí com um taco de madeira arrastando a mulher pelos cabelos. Esse cenário não é realista.

Muito diferente disso, o homem da antiguidade era muitíssimo inteligente; eles eram gênios. Veremos a geração de Caim, a primeira e a segunda geração após Adão e Eva, inventando coisas incríveis; como por exemplo, instrumentos musicais e a metalurgia. Na verdade, suas invenções rapidamente desenvolveriam a sociedade primitiva em direção ao tipo de sociedade na qual eu e você vivemos hoje.

Portanto, não se deixe ser enganado pelos relatos dos supostos “homens das cavernas.” O homem antigo não era um animal bruto sem inteligência, mas muito esperto e inteligente, como veremos nesse capítulo.

Agora, logo no início do estudo sobre a vida de Caim em Gênesis 4, a primeira pergunta que geralmente surge é: “Onde Caim conseguiu sua esposa?” Geralmente, essa pergunta vem da pessoa que não quer falar do Evangelho; ela diz: “Onde Caim arranjou uma mulher? Explique isso e crerei no resto da Bíblia.”

Deixe-me rapidamente responder isso e depois daremos continuidade à biografia de Caim. De forma simples, Caim se casou com sua irmã. Antes da vinda a lei, a qual estabelecia os limites biológicos para o casamento e a penalidade por se violar esses limites, parentes se casavam entre si. A ordem clara de Deus nesse momento da história foi para que o homem se multiplicasse e enchesse a terra. Evidentemente, Adão e Eva eram os únicos pais; sabemos com base em Gênesis 5.4–5 que Adão viveu 930 anos. E veja o que aconteceu nesses anos: eles tiveram muitos filhos; o verso 4 diz:

Depois que gerou a Sete, viveu Adão oitocentos anos; e teve filhos e filhas.

Adão obedeceu à ordem de Deus e encheu uma pequena parte do mundo; sua aljava ficou cheia. Então, Caim teve muitas opções. Ele escolheu para si uma esposa dentre suas muitas irmãs.

Por que Deus Rejeitou A Oferta de Caim?

Agora, a pergunta mais importante a se responder em Gênesis 4 é: por que Deus rejeitou a oferta de Caim? Veja Gênesis 4.1:

Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão com o auxílio do SENHOR.

Isso é muito interessante. Eu creio que essa afirmação de Eva é uma declaração de fé: ela confia na promessa de Deus, o qual prometeu que um homem—uma semente de seu ventre—nasceria para ser o Salvador. Sabemos que Caim não é esse Salvador. Continue no verso 2:

Depois, deu à luz a Abel, seu irmão. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador.

Abel foi o primeiro pastor de ovelhas e Caim o primeiro fazendeiro e agricultor. Ambas as ocupações eram dignas e cada irmão escolheu a sua.

Acompanhe os versos 3–5:

Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante.

Permita-me responder à pergunta: por que Deus rejeitou a oferta de Caim? Existem pelo menos três motivos por que Deus rejeitou a oferta de Caim.

  • Primeiro, porque a oferta de Caim não envolveu sangue.

Em Hebreus 9.22, lemos que não há remissão sem derramamento de sangue. Alguns afirmam que a oferta de Caim foi rejeitada porque ele foi a Deus com uma atitude perversa. Eu creio que o texto indica exatamente o oposto.

  • Primeiramente, veja que tanto Caim como Abel trazem ao Senhor uma oferta.

Isso não é mera coincidência. Veja o que diz o verso 3:

Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.

Existe a implicação nessa passagem de que Caim e Abel edificaram um altar e, nesse altar, colocaram suas ofertas. E como Caim sabia que deveria apresentar ofertas ao Senhor? Apesar de o texto não nos falar, fica claro que Deus tinha instruído seus pais, Adão e Eva, a realizar sacrifícios.

A oferta de Caim não foi rejeitada por causa de sua atitude; Caim e Abel trazem uma oferta ao Senhor.

  • Além disso, veja que ambos os irmãos realizam a oferta no tempo designado.

A expressão no fim de uns tempos no verso 3 indica fortemente que Caim e Abel tinham recebido revelação para sacrificar a Deus num dia específico. A expressão pode ser traduzida como “no fim dos dias,” ou seja, “ao sétimo dia.” Será que foi coincidência? Não. Foi resultado de revelação.

Então, a oferta de Caim não foi rejeitada por causa de sua suposta má atitude. Veja que Caim e Abel sacrificam a Deus e fazem o sacrifício no tempo designado conforme revelado por Deus.

Eu creio que essa revelação foi dada em Gênesis 3.21, onde lemos:

Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.

Conforme vimos no estudo anterior, o casal tentou cobrir seu pecado com folhas de figueira, mas isso não resolveu o problema, já que não passava de obras de suas próprias mãos. Deus, então, mata alguns animais, arranca suas peles e cobre Adão e Eva. Nessa vestimenta, creio que o Senhor lhes deu revelação adicional.

Existe apenas uma maneira de se fazer expiação pelo pecado. A palavra “expiar,” a propósito, significa “cobrir.” Você não pode cobrir seu pecado com folhas; precisa cobri-lo com derramamento de sangue, dando uma vida pela outra. Folhas de figueiras são incapazes de expiar.

Portanto, creio que Deus rejeitou a oferta de Caim, primeiramente, porque ela não envolveu sangue.

  • Segundo, Deus rejeitou a oferta de Caim porque ela foi fruto das próprias mãos de Caim.

Essa é a religião do mundo desde os tempos de Caim: tentamos nos aproximar de Deus pelas obras de nossas mãos; buscamos satisfazer um Deus santo com algo que realizamos. Isso é insuficiente, já que nossas próprias obras não podem expiar pecado.

  • Terceiro, Deus rejeitou a oferta de Caim porque ela foi fruto da terra.

Caim ignorou a maldição sobre a terra de Gênesis 3.17:

E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.

A terra foi amaldiçoada; nada produzido no solo desta terra satisfará um Deus santo. Ciam tentou. Creio que ele se rebelou contra revelação conhecida, revelação dada por Deus.

Agora, veja o que acontece em Gênesis 4.5–6 quando Deus confronta Caim:

ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o SENHOR: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante?

É como se Deus dissesse: “Caim, você sabia o que deveria ter feito. Agora que me desobedeceu você está irado comigo?” Veja o que Deus diz em seguida no verso 7:

Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta...

A frase eis que o pecado jaz à porta pode ser traduzida como “eis que o pecado agacha-se à porta,” um verbo empregado pelos antigos para falar de um leão agachado à espreita, pronto para atacar sua presa. Deus está dizendo: “Se você ignorar minha vontade, minha revelação, minha palavra, o pecado estará como um leão agachado à porta, preparado para atacar. E você é a presa vulnerável.”

E Deus adiciona no final do verso 7: o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo. Será que isso soa familiar? Você lembra do que Deus disse à mulher em Gênesis 3.16?

E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido...

A mesma frase é usada agora em referência ao pecado de Caim. Ou seja, “Seu pecado terá o desejo de controla-lo.”

Por causa da queda do homem, a esposa tenta controlar o marido; isso faz parte da maldição. A mulher não se submete à liderança do marido perfeitamente, mas tenta manipulá-lo. Agora, Deus diz a Caim: “Se você me ignorar, o pecado o manipulará e o controlará.”

Cinco Resultados do Pecado de Caim

Agora, o pecado de Caim trouxe cinco resultados. O pecado de Caim não começou com o assassinato, mas com sua desobediência. Cinco coisas aconteceram como resultado da desobediência de Caim à revelação de Deus.

  • E o primeiro resultado óbvio é que ele assassina seu irmão.

Veja Gênesis 4.8:

Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou.

Se pudéssemos voltar no tempo, veríamos dois homens conversando no campo. Não conseguimos ouvir o que dizem, mas a discussão é ferrenha; Caim cerra seus punhos em direção ao céu; Abel, talvez, pede que seu irmão se arrependa. Finalmente, Caim, no impulso do momento, pega uma ferramenta ou até mesmo seu próprio punho e espanca seu irmão à morte ali mesmo naquele campo. Caim se levantou contra Abel e o matou.

  • O segundo resultado do pecado de Caim é sua mentira a Deus.

Lemos no verso 9:

Disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão?...

Talvez você se lembre que, quando Adão pecou, Deus foi ao jardim e fez a mesma pergunta. Nesse verso, Deus fala com a segunda geração e faz a mesma pergunta, dando a Caim a oportunidade de se arrepender. Continue no verso 9: Ele respondeu: Não sei.

Isso é mentira. Caim sabe perfeitamente o local onde enterrou seu irmão Abel para ninguém descobrisse seu pecado. Ele mente a Deus e diz: Não sei.

E ele não somente mente a Deus, mas adiciona uma pergunta no final do verso 9: acaso, sou eu tutor de meu irmão?

A propósito, deixe-me fazer essa pergunta para você: qual é a resposta à pergunta Acaso, sou eu tutor de meu irmão? Sim ou não? A resposta é “sim;” você é o tutor de seu irmão; você tem responsabilidade sobre ele. Nossa responsabilidade é não somente pelo membro de nossa família, mas, é claro, no Novo Testamento, nossa responsabilidade se estende aos irmãos e irmãs em Cristo.

Sim, eu sou tutor de meu irmão. De forma bastante real, eu preciso saber como meu irmão está espiritualmente e me preocupar com ele—onde sua vida está, como vai seu relacionamento com Deus. Sim, eu sou tutor de meu irmão.

Em seguida, lemos no verso 10:

E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim.

Caim mata seu irmão e depois mente a Deus. E isso não é verdade sobre todos nós? A primeira coisa que vem depois do pecado é a mentira. Crianças mentem a seus pais porque fizeram algo de errado; pais mentem aos seus filhos, talvez, para justificar um pecado. Por que? Porque o pecado está agachado à porta. A fim de encobri-lo, vesti-lo, começamos a contar uma mentira após outra. Logo, as mentiras se multiplicam, ficamos presos numa teia e começamos a nos perguntar: “O que eu disse mesmo?”

Alguém disse: “Você nunca precisa se preocupar com o que disse se falar a verdade.”

Então, Caim começou a mentir.

  • O terceiro resultado do pecado de Caim foi que ele perdeu seu primeiro amor.

Veja os versos 11–12:

És agora, pois, maldito por sobre a terra, cuja boca se abriu para receber de tuas mãos o sangue de teu irmão. Quando lavrares o solo, não te dará ele a sua força...

Só entenderemos isso se entendermos bem Caim. Existe uma raça de homens chamada “fazendeiros,” e eles amam a terra; sua maior alegria é observar um pé de milho crescendo no campo e balançando com o vento; sua maior satisfação é saber que seu celeiro está cheio de grãos. Eles amam o solo; esse é o seu amor, a sua vida.

Caim escolheu essa ocupação porque amava a terra, amava o chão; sua maior alegria era plantar uma semente, vê-la crescer e se multiplicar. Ele levou a Deus as melhores coisas que suas mãos conseguiram produzir por seu esforço; ele amava isso e Deus arrancou de suas mãos seu grande amor. Deus diz, com efeito: “Caim, a terra é maldita, mas, agora, a terra irá ignorar suas mãos. Isso significa, Caim, que você plantará uma semente, mas nada acontecerá.”

Esse é o grande pesadelo de um fazendeiro e agricultor. Imagino que Caim saiu imediatamente dali e foi testar para ver se era verdade. Ele provavelmente plantou algumas sementes, regou e esperou alguns meses; talvez se ajoelhou e implorou ao chão, regando-o com lágrimas e dizendo: “Cresce, por favor!”

Todavia, a maldição era verdadeira. A terra ignorou Caim, um homem que a amava muitíssimo. Esse foi o terceiro resultado da tragédia de seu pecado.

  • Note, em quarto lugar, que Caim perdeu o sentimento de permanência e direção.

Observe a última parte do verso 12: serás fugitivo e errante pela terra. Em outras palavras, “Você deixará este lugar e passará o resto de sua vida vagueando por outros lugares como um andarilho e nômade.”

Mais uma vez, só conseguimos entender a implicação disso quando assumimos a perspectiva de um agricultor. A maioria dos fazendeiros e agricultores nasce, cresce, vive e morre na mesma região.

Na cidade em que nasci existem muitos fazendeiros e agricultores. Ali, a vida é bem simples; fazendeiros são próximos da terra e as raízes são profundas; eles vivem suas vidas no mesmo lugar. O sentimento de permanência é bastante real. A vida é simples: você acorda cedo, trabalha no campo, come e dorme. Contudo, eles amam essa rotina; você jamais conseguiria arrancá-los dali para morar numa metrópole.

Precisamos pensar em Caim nesses termos. Talvez você já tenha lido notícias de fazendeiros que perderam suas terras. Se você não foi criado naquele contexto da agricultura, jamais compreenderá a agonia em seus corações. Ali estão suas raízes; em muitos casos, suas famílias têm vivido ali há gerações. Eles moram na mesma casa que seus avós moraram e, agora, perdem tudo de repente.

Bom, foi assim que Caim se sentiu; essa foi a tragédia que veio por causa de seu pecado. Deus disse a Caim praticamente: “Arranque suas raízes. De agora em diante, você será um andarilho. Chega de permanência e de estabilidade! Acabou-se!”

  • O quinto e último resultado do pecado de Caim foi que ele perdeu sua comunhão com Deus.

Veja os versos 13–15:

Então, disse Caim ao SENHOR: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará. O SENHOR, porém, lhe disse: Assim, qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E pôs o SENHOR um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse.

Esse sinal não foi uma marca, mas um sinal para Caim. Não sabemos o que foi, mas foi algo que, quando outros olhassem para ele, saberiam que não deveriam tocar em Caim.

Caim viveria o resto de sua vida debaixo de maldição. Continue ao verso 16 e preste atenção na primeira frase:

Retirou-se Caim da presença do SENHOR e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.

O nome Node em hebraico significa “terra de peregrinação.” Caim vaguearia pelo resto da vida.

É interessante ver que Caim se rebelou contra a maldição porque o texto nos informa no verso 17 que ele tentou edificar uma cidade, a fim de reconquistar aquele sentimento de permanência. O texto hebraico, todavia, indica que a obra não foi finalizada. Ou seja, ele começou a construir, mas não terminou; talvez seus filhos concluíram o trabalho. Ele chamou a cidade de Enoque, o nome de seu primeiro filho. Não confunda este Enoque com o Enoque piedoso que nunca morreu, mas foi trasladado por Deus.

Caim continuou como um andarilho, um fugitivo de Deus. Não há evidência de que tenha se arrependido; não há sinal de confissão. Nunca vemos Caim dizendo: “Certo, Senhor, um segundo. Vou pegar um cordeiro e já volto.” Não. Caim pegou seu cesto de fruta e, pelo que tudo indica, distanciou-se de Deus para sempre.

Nos versos 18–26, lemos sobre sua família:

A Enoque nasceu-lhe Irade; Irade gerou a Meujael, Meujael, a Metusael, e Metusael, a Lameque. Lameque tomou para si duas esposas: o nome de uma era Ada, a outra se chamava Zilá. Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado. O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. Zilá, por sua vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro; a irmã de Tubalcaim foi Naamá. E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou. Sete vezes se tomará vingança de Caim, de Lameque, porém, setenta vezes sete. Tornou Adão a coabitar com sua mulher; e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim matou. A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do SENHOR.

 

Aplicação: Dois Pensamentos que Emergem da Vida de Caim

Permita-me concluir com dois pensamentos que emergem da vida de Caim. Sua biografia é curta, mas tremendamente dolorosa. O homem que rejeitou a revelação de Deus, decidiu se aproximar de Deus do seu próprio jeito e disse: “Deus, irei a ti do meu jeito.” Ele se assemelha àqueles que hoje dizem que se aproximarão de Deus à sua própria maneira, mas Deus, no fim, os rejeita.

  • O primeiro pensamento é que desobediência a Deus jamais faz sentido.

O preço da desobediência a Deus é grande demais; a penalidade é muito mais severa do que o deleite que o pecado pode nos trazer. Desobedecer a Deus nunca faz sentido.

  • Segundo, obediência a Deus começa com uma decisão.

Apesar de eu não ter falado muito sobre assunto (poderíamos passar um sermão inteiro nisso), Caim e Abel nasceram no mesmo lar; ambos os meninos tiveram as mesmas vantagens e a mesma revelação de Deus. Eles, porém, provam que obediência é uma decisão. Um decidiu seguir a revelação de Deus, enquanto o outro decidiu desobedecer à revelação de Deus; um agiu em humildade, o outro em orgulho; um se aproximou de Deus como Deus mandou, o outro tentou fazer as coisas do seu próprio jeito.

Quero concluir com a história de uma moça chamada Charlotte Elliot, uma jovem muito perturbada. Ela não era crente, mas se rebelou contra algo que sabia ser a verdade.

Charlote foi criada num lar cristão. Em desespero, seus pais convidaram um pastor para jantar em sua casa numa noite. Ele veio e falou sobre o Senhor à mesa. Os pais faziam perguntas para o pastor responder, na esperança de que as respostas despertariam o coração da moça a aceitar a Cristo como Salvador. Finalmente, ela chegou aos limites e, irada, levantou-se da mesa e saiu. Os três terminaram a refeição em silêncio.

Após um tempo, Charlotte, envergonhada com sua explosão de temperamento, voltou à mesa; quando voltou, apenas o pastor estava sentado. Ele começou a instá-la que entregasse sua vida a Cristo. Contudo, a moça estava tão tomada de orgulho com o sentimento de valor pessoal que o pastor precisou de bastante tempo para que ela finalmente entendesse que era uma pecadora. Após uma hora ou duas de conversa, ela finalmente cedeu.

Daí, o obstáculo na mente de Charlotte passou a ser outro: ela pensava ser pecadora demais para que Deus a aceitasse; ela estava cheia demais consigo mesma, com suas próprias obras. O pastor disse: “Charlotte, você deve ir a Cristo do jeito que está. Venha do jeito que está.” Mesmo assim, a luz não brilhou. O pastor foi embora.

A moça passou a noite inteira com aquelas palavras ressoando em sua mente, até que, finalmente, o Espírito de Deus esclareceu as coisas. Seu testemunho pessoal foi registrado na forma de poema, o qual hoje é entoado como um hino. Deixe-me ler suas palavras:

Tal qual estou, sem demorar,
a ti me venho consagrar.
Ó não me queiras rejeitar:
Jesus bendito, eu venho a ti!

Tal qual estou, Senhor Jesus, 
refúgio quero aos pés da cruz; 
pois, atraído em tua luz, 
Jesus bendito, eu venho a ti!

Tal qual estou me vês, Senhor:
um pobre e triste pecador.
Ó vem mostrar-me o teu favor!
Jesus bendito, eu venho a ti!

Tal qual estou me aceitarás. 
Terei contigo, enfim, a paz. 
A tua mão me estenderás: 
Jesus bendito, eu venho a ti!

Tal qual estou, descansarei
em ti, Jesus, meu Deus, meu Rei!
E, além das trevas, cantarei:
Jesus bendito, eu venho a ti!

A esperança para as nossas vidas, meu amigo, está na esperança que Abel encontrou ao se aproximar de Deus da maneira que Deus determinou e assim como era—um pecador. Somos aceitos por causa da obediência e da rejeição daquele que veio como Deus determinou.

Que grande alegria saber que, quando vou a Deus pelo caminho da cruz assim como estou, posso descansar, assim como estou, em Cristo—perdoado e aliviado de meu pecado. Que grande alívio!

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Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 16/10/1988

© Copyright 1988 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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